(Fac. Albert Einstein - Medicin 2016) Trecho A Todavia, importa dizer que este livro é escrito com pachorra, com a pachorra de um homem já desafrontado da brevidade do século, obra supinamente filosófica, de uma filosofia desigual, agora austera, logo brincalhona, coisa que não edifica nem destrói, não inflama nem regela, e é todavia mais do que passatempo e menos do que apostolado. Trecho B Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direta e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem. Os trechos acima, do romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, apresentam, ambos, dominantemente linguagem de idêntica função, ou seja,
(ALBERT EINSTEIN - 2016) O valor da vida Hermann A.V. von Tiesenhausen Diretor executivo do jornal Medicina A mistansia um termo pouco utilizado nas conversas do dia a dia, mas, que, infelizmente, no est to distante de nossa realidade. A imprensa registra, sem filtros, o drama de milhares de pacientes e profissionais nos postos de sade, hospitais e prontos-socorros e traduz a dura proximidade com a expresso. O significado de mistansia remete omisso de socorro, negligncia. Ela representa a morte miservel, antes da hora. conhecida como a eutansia social. No Brasil, seu flagelo atinge, sobretudo, os mais carentes, que dependem exclusivamente do Estado quando o corpo padece. Um exemplo do que a mistansia pode causar apareceu em srie de reportagens exibida pelo Jornal Nacional (Rede Globo), em janeiro, que dissecou o drama dos pacientes com cncer no pas. A falta de tudo torna a larga espera pelo atendimento um duro calvrio e, em meio ao desespero, centros de excelncia, como o Instituto Nacional do Cncer (Inca), no Rio de Janeiro, minguam a cu aberto. A falncia do sistema pblico de sade no s um fenmeno administrativo ou contbil. Quem dera o fosse. Assim, seria mais fcil suport-la, pois contas se arrumam. A questo que o desequilbrio causado por uma gesto feita de pessoas perdidas em meio ao tiroteio entrou em nossas casas pela porta da frente. A situao grave, contornada com paliativos, ceifa vidas, inclusive de crianas e jovens, impedidos de receber aquilo que a Constituio lhes garante como direito cidado: o acesso universal, integral, gratuito e com equidade a servios de sade de qualidade. Nesta edio do jornal Medicina, apresentamos nmeros do valor da vida e da sade de cada brasileiro para o setor pblico. A mdia nacional no supera os R$4,00ao dia, ou seja, quase nada se comparado a outros pases com modelos assistenciais semelhantes. Essa conta acentua a tragdia da morte anunciada em corredores e filas de espera e suscita um questionamento importante, pois os dados evidenciam que, apesar do pouco destinado, o mau uso dos recursos que esto disponveis que aprofunda a crise. O Brasil est diante de um dilema. hora de rever caminhos, adotar novas posturas, corrigir falhas para no sentenciar a populao doena e tirar do estado de coma em que se encontra o Sistema nico de Sade (SUS), uma das maiores polticas sociais do mundo e balizador de todo modelo de ateno no Pas. Jornal Medicina Publicao oficial do Conselho Federal de Medicina. Janeiro 2016. Por se tratar de editorial, o texto